terça-feira, 7 de junho de 2011

Top 20 - II

Há também um pouco de tristeza, porque é inevitável comparar o nosso esporte com outros, o tênis por exemplo. A comparação é inevitável, pois no tênis, temos atualmente um brasileiro, Thomaz Belucci, que se encontra entre os 30 melhores do mundo. 

A exposição na mídia é infinitamente superior, basta comparar o número de artigos publicados sobre Belucci, que perdeu no round  1/32 no torneio de Roland Garros, um dos quatro maiores torneios de tênis do mundo, com o número de artigos publicados da final de copa do mundo que o Tico disputou, ou para tomar um momento mais recente, o fato de o Marcelo ter chegado no round 1/16 em Porec, um dos cinco torneios de tiro com arco mais importantes da temporada. 

A quantidade de torneios internacionais de ranqueamento e a distribuição de prêmios no tiro com arco é muito inferior. Atualmente, no tênis, praticamente cada país tem um torneio anual de ranqueamento, que distribui prêmios atrativos. O torneio de Santiago, por exemplo, em sua última edição pagou Us$ 68.000 para o vencedor. Em 2010, eu, Daniel Xavier e Fabio Passeto, ganhamos o Torneio Bicentenário em Santiago e voltamos felizes com nossas medalhas. Felizmente eu e o Fabio temos nossos empregos para permitir que continuemos treinando.

Quanto ao número de torneios de ranqueamento, haverá, nas Américas em 2011, um campeonato no Chile, um na Venezuela e dois nos Estados Unidos, quase todos sem premiação excetuando-se a Etapa da Copa do Mundo em Ogden (EUA), que pagará a modesta soma de 2.000 francos suíços ao primeiro colocado.

Como última comparação das diferenças abissais entre os dois esportes, Bellucci conquistou em sua carreia Us$ 1.831.673 em premiação, um valor suficiente para mantê-lo em treinamento em dedicação exclusiva. Tico, o único arqueiro brasileiro a conquistar prêmios em dinheiro no tiro com arco, não deve ter ultrapassado a casa dos Us$ 20.000 (estimativa não oficial) e sendo comparativamente muito melhor do que Belucci.

O fim da era amadora no tênis acabou há algumas décadas atrás, já na década de 70 haviam os grandes ídolos do tênis mundial, com nossos ídolos locais. O Tiro com Arco ainda não acordou para atingir todo o seu potencial e os argumentos de dificuldade de se transmitir o esporte são fracos pois, comparando-se com o golfe, entendo que as dificuldades são maiores, principalmente pelo fato de os jogadores não estarem todos no mesmo buraco ao mesmo tempo.

Espero que estejamos passando por um processo de profissionalização. Os resultados obtidos pelos atletas em âmbito mundial tem subido bastante. No Brasil já temos 8 atletas brasileiros treinando em tempo integral. Quem sabe ainda nesta década veremos o primeiro milionário do Tiro com Arco.

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