segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Transparência

Acredito que a maioria de vocês leu o artigo do Jornal O Globo publicado no dia 24/08. Pouco depois de apreciarmos o grande espetáculo olímpico que sem dúvida aumentou a nossa auto-estima, tivemos o desprazer de ver que a polícia investiga o uso indevido de recursos nas confederações esportivas, que em última análise deveriam estar beneficiando os atletas, os atores principais daquele espetáculo.

Sempre fui claro em expressar que o uso de recursos públicos deve ser feito com a maior transparência possível e acredito que isso não deva ficar limitado à gestão dos recursos financeiros, mas deve se expandir em várias ações que atingem os administrados.

No caso das Confederações esportivas, parte dos recursos vem dos filiados e, nos últimos tempos, os gordos tempos pré-olimpicos, também vêm (em maior monta) de empresas públicas, sociedades de economia mista, do Ministério do Esporte e empresas privadas. 

Ser transparente passa a ser fundamental, visto que a maior parte dos recursos vêm do povo brasileiro, e permite que os filiados, os maiores interessados na gestão dos recursos e para quem uma confederação deveria estar trabalhando, possam discutir e propor melhores formas de se destinar os recursos dentro das regras de funcionamento da confederação.

A falta de transparência alimenta a sensação de que perdemos tempo, de que passou o momento propício para nos tornarmos uma potência esportiva. Ora, se soubéssemos onde e quanto dos recursos foram aplicados e em quê, poderíamos discutir sobre melhores formas de se fazer isso. Sem conhecimento da dimensão dos valores, sempre haverá a sensação de que foi muito dinheiro investido e não chegamos onde poderíamos ter chegado.

É a sensação que eu tinha toda vez que chegava para uma seletiva no campo de Maricá. Passei momentos inesquecíveis em Maricá, gosto muito de todos aqueles que lá conheci e apoio 100% o fato de termos um centro de treinamento lá, mas nós que fomos os pioneiros a usar aquelas instalações, tivemos que conviver com algumas situações complicadas. 

Como engenheiro, era difícil entender algumas das soluções adotadas e se soubéssemos o volume de recursos aplicados poderíamos ter parâmetros para entender aquelas soluções, entretanto, até hoje não se sabe o quanto foi investido no nosso Centro de Treinamento.

Nesse sentido, vai mais uma vez o meu apelo a todos os atletas, dirigentes e árbitros, precisamos mudar os rumos, nosso futuro deve permitir que possamos VER o que está acontecendo, para que possamos caminhar JUNTOS rumo ao OURO!

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Avaliação e Futuro

Vivemos o sonho de sediar uma Olimpíada no Brasil. Aquilo que sempre olhávamos de longe, admirando os grandes, pudemos presenciar em nossa casa.

Achei fantástico poder observar as fotos e compartilhamentos dos muitos amigos que se envolveram diretamente com esse espetáculo, árbitros, voluntários e atletas; vi em cada um deles a alegria de estar vivendo um sonho.

Acredito que os atletas brasileiros tem se comportado de forma incrível e aos poucos estamos compreendendo que teremos o nosso lugar entre as maiores nações esportivas do mundo. 

No Tiro com Arco evoluímos. Tivemos resultados que não haviam sido alcançados antes. A Ane Marcelle e o Bernardo avançaram, isso foi fantástico! Podemos ganhar e vamos ganhar! Parabéns a todos os membros da equipe: Sarah, Ane Marcele, Marina, Marcus, Daniel e Bernardo.

Nosso material humano é muito bom e quanto mais atletas houver na linha de tiro, mais chances teremos de ganhar novamente, mas eu não posso deixar de analisar que o modelo escolhido para chegar ao Ouro olímpico em 2016 foi equivocado. 

O esporte se trata de inclusão, de crescimento e formação de massa crítica. A Confederação, em 2011, criou um modelo de exclusão, sem regras e objetivos claros, o que deixou os atletas confusos, inseguros e pouco alinhados com o objetivo de ser CAMPEÃO OLÍMPICO. Sei disso por que estivemos muito perto de levar uma equipe completa já em Londres e não levamos por que criamos divisões quando deveríamos somar.

Como atleta, sei que, se tivermos uma meta clara, vamos buscá-la a qualquer custo. Não é possível cumprir uma missão se ela muda a cada instante, é necessário sentar com todos aqueles envolvidos com o arco e definir objetivos coletivos e individuais. 

Não só os atletas da seleção, mas cada atleta, cada técnico, cada árbitro, cada dirigente. Quantos arqueiros não querem melhorar suas pontuações? Quantos técnicos não querem aprender mais? Quantos árbitros não querem arbitrar grandes competições?

Precisamos tratar cada indivíduo da maneira especial que ele merece ser tratado. Precisamos trazer todos para trabalhar juntos. Cada apaixonado pelo arco deveria ser importante para a Confederação, todos podem e devem contribuir, há sinergia no trabalho em equipe e eu acho que nós não trabalhamos juntos para conquistar este ouro. 

Queria que neste ano os presidentes das Federações pensassem nisso. Vamos começar um novo ciclo olímpico. Quais são nossos objetivos? Onde queremos chegar? Vamos aproveitar o aprendizado da Olimpíada ou vamos continuar seguindo na linha da pouca transparência, do pouco contato com o atleta e com a exclusão de quem pensa diferente?

Brasil, vamos subir no lugar mais alto do pódio!