segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Histórias do Arco e Flecha: Equilíbrio Distante

Em 2008 fui disputar um campeonato de ranqueamento internacional na cidade de Durban, Africa do Sul. A fase de ranqueamento (Round FITA) para eles era o campeonato nacional sul-africano. A minha motivação de participar desta competição era a de obter experiência internacional, fator importantíssimo na formação de qualquer atleta. As lições aprendidas e as experiências vividas foram muito além do que eu poderia esperar.
Naquele momento, a Africa do Sul tinha muitas características semelhantes com o Brasil: o nível técnico era muito parecido, eles haviam conquistado apenas uma vaga para os Jogos Olímpicos daquele ano, a quantidade de atletas na competição era muito semelhante e o nível socio-econômico dos praticantes era praticamente o mesmo que o do Brasil. Um fato interessante era que não havia nenhum arqueiro negro participando da competição.
Naquela competição conheci o senhor Malcom Tood, vestindo o tradicional uniforme do clube Belville Archery: calça branca comprida, blusas brancas e chapéu branco, muito elegante, uma viagem no tempo em que todos os atletas tinham que se vestir assim. A distinção de Malcom para os demais atletas da equipe era que na camisa do uniforme havia o número 50 bordado. Aquele era o quinquagésimo campeonato nacional que o Sr. Malcom participava, já havia ganhado dezenas, fora o recordista nacional de praticamente todas as distâncias por longos anos e era até aquele ano o único sul-africano que havia quebrado a barreira dos 1300 pontos no recurvo. Muito alegre e receptivo estava lá para mais uma competição.

Tive a honra de enfrentá-lo nas quartas-de-final e ganhei a minha vaga na primeira semi-final de um campeonato internacional vencendo-o por 105 a 103.
Em 2009 uma história semelhante aconteceu, dessa vez no Brasil, quando enfrentei o mito, Renato Emílio, com um currículum tão impressionante como o do Malcom. É o recordista de Campeonatos Brasileiros conquistados, é o brasileiro que mais participou de jogos olímpicos (Moscou, Los Angeles, Seoul e Barcelona), é a nossa última recordação de medalha em jogos panamericanos. Tive a honra de enfrentá-lo também nas quartas-de-final e obtive a minha primeira vaga em semi-final da Copa do Brasil por 108 a 103, um bonito combate.
Renato e Malcom, ambos emanam a energia e tranquilidade de quem já esteve onde muitos querem chegar.



Eu e Malcom


Eu e Renato

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